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Alex Teixeira: Vivi na favela até os 16 anos

Alex Teixeira: Vivi na favela até os 16 anos
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Talvez seja difícil encontrar candidato mais adequado para nos apresentar o Rio de Janeiro. Alex Teixeira nasceu nos subúrbios do Rio e agora vive em uma de suas áreas mais prestigiadas. O meia dos 'mineiros' sabe tudo sobre a cidade, sente o seu espírito. E ele, melhor que ninguém, consegue transmitir a sua atmosfera.

- Alex, esta é a primeira vez que você faz os treinos do Shakhtar sem sair do seu país. É uma sensação estranha, não?
- Oh sim! Para mim é um grande orgulho! Estar aqui e treinar aqui com Shakhtar, na minha cidade natal, com os meus pais assistindo, é algo incrível.

- Você vive aqui bem perto, quase do lado do hotel. Dá para dizer que por pouco estavam mesmo era treinando na sua casa...
- É o que eu estou dizendo, que sinto um imenso orgulhoso. O meu pai já foi visitar a Ucrânia e me viu treinar lá. Mas estar aqui, perto de sua casa, é uma verdadeira felicidade. Aqui vêm me ver treinar os meus tios, sobrinhos, primos - toda a família. É claro que eles também estão felizes. E ainda tenho mais uma semana em casa! Esperemos que o Shakhtar volte mais vezes aqui, não só no Rio de Janeiro, mas também em Salvador e outras cidades, desde que venha ao meus país está tudo bem. Aqui é gostoso!

- Você tem casa só no Rio de Janeiro ou tem alguma outra em outro lugar?
- Sim, tenho casa só aqui. Mas eu não sou do Rio. Eu morava em ua cidade que está localizada a 40 minutos daqui. E quando ele me mudei para o Shakhtar e surgiu a oportunidade de comprar uma casa neste lugar maravilhoso, eu não a deixei escapar. É gostoso estar aqui.

- Ou seja, você vive no bairro mais rico do Rio de Janeiro?
- Em princípio, tem dois bairros desses aqui na cidade: este e Copacabana. Mas é verdade, aqui só vivem pessoas que têm rendimentos elevados.

- O Brasil é um país de contrastes. O Rio de Janeiro tem mansões de um lado e favelas do outro. Será possível se acostumar com o fato de que uma pessoa pode ser roubada a qualquer momento simplesmente porque vive perto de uma área de maior criminalidade?
- Você pode se acostumar com tudo. O mais importante é não ir a esses locais. Mas se de repente tem mesmo que ir, convém estar vestido com uns shorts comuns, uma camiseta, chinelos, sem relógio nem brincos, ou seja, sem qualquer joia ou enfeite.

- Você alguma vez esteve na favela?
- Para ser sincero, até os 16 anos eu vivia em uma favela. Mas sempre fui respeitado aí e, graças a Deus, nunca tive nenhum problema sério.

- Como é que você conseguiu sair daquele ambiente sem se envolver com nenhum grupo criminoso?
- Foi graças aos meus pais. Eles sempre me orientaram: "Filho, você deve fazer assim e assim", me falavam o tempo todo para manter a cabeça no lugar. E também devo muito ao futebol. Afinal de contas, me encontro totalmente imerso nele.

- Diga-nos uma coisa como pessoa que vem realmente da favela, lá é mesmo tão perigoso como pintam ou as histórias são um pouco exageradas?
- Para ser honesto, sim, tem muita criminalidade lá. Mas aquilo que é mostrado na TV é exagero. Está muito exagerado. Posso falar de mim pessoalmente: eu sou um cara comum, como você. Não tenho qualquer mania de grandeza. Além disso, vou muitas vezes lá visitar os meus amigos, sempre lhes levo uma cesta de presentes e ajudo no que posso. Eles organizam festas. Todo mundo me fala e tem ótima relação comigo! Eu não me sinto nenhuma vedeta no meio deles. Sim, em termos materiais eu tenho um pouco mais do que eles. Mas isso não significa que eu sou de alguma forma especial.

- É verdade que os jogadores mais talentosos vêm das favelas?
- Sim, é verdade! Nas favelas os meninos começa a jogar bola desde bem pequeninos. O problema é que alguns simplesmente não têm força de vontade suficiente ou não têm o apoio dos pais, que muitas vezes nem cuidam direito deles e os meninos acabam caindo no crime. Porque, por exemplo, o caminho das drogas é bem mais fácil para muitos jovens das favelas. Eles pensam: "Para que é que eu vou estudar, para que é que eu vou jogar o que quer que seja, se posso ganhar grana por matar pessoas e viver assim?"

- Voltemos ao tour do Shakhtar. Darijo disse que gosta mais de treinar com temperaturas de -30 do que de +40. O que você tem a dizer sobre isso?
- A minha resposta é a seguinte: eu estou na Ucrânia faz cinco anos e, provavelmente, por um lado, para mim é mais fácil correr no frio! O corpo se acostumou, o estado físico já é outro. Mas, se vamos falar no geral, o calor é bem melhor. Este é o meu ambiente normal.

- O Shakhtar é de fato assim tão popular no Brasil? A julgar pelo número de jornalistas que seguem o time para todo o lado, a sensação que dá é que os 'mineiros' são simplesmente estrelas.
- O Shakhtar já faz muito tempo que é famoso no Brasil. Afinal, temos 13 jogadores brasileiros na equipe e é natural a imprensa querer saber mais coisas do clube. Por isso não tem aqui nada de surpreendente.

- Treinar na praia não deixa os jogadores mais relaxados e desatentos?
- Bem, como dizer... É claro que, por um lado se trata de exercícios físicos e a gente se cansa. Mas acho que o professor organiza os treinos de modo a garantir variedade.

- Podemos dizer que é uma espécie de "treinamento-férias"?
- O da manhã, sim. Mas o da tarde não! No treino da tarde corremos muito.

- É difícil treinar na areia?
- Para mim não tem problema, estou acostumado com a areia.

- E para os ucranianos?
- Bem, ainda ninguém reclamou. Em princípio não é ruim: você corre – dá um megulho no oceano – volta a correr – e volta a dar um mergulho. Oportunidades como esta não surgem no centro de treinamento.

- Aqui tem tubarão?
- Não, só na costa de Recife, mais para o Norte.

- Você alguma vez viu um tubarão ao vivo?
- No Brasil,não, em lugar nenhum. Mas lá fora vi nos grandes oceanários. Não muito longe daqui tem um lugar chamado Buzios. O que às vezes aparece por lá são golfinhos.

- Não tem receio de, depois de uma inter-temporada tão quente no Brasil, voltar de novo para o frio?
- Não. Eu já lhe disse que estou costumado! Sim, os primeiros dois ou três dias não vão ser fáceis: afinal, vamos fazer um salto térmico de +40 graus para -20... Mas, no geral, não tem problema nenhum.

- Qual o jogo do ‘tour’ brasileiro do Shakhtar que você mais espera acontecer?
- O jogo contra o Flamengo. Porque teve um tempo em que eu jogava no Vasco da Gama, que é um clube que tem uma rivalidade com o Flamengo igual que nem o Shakhtar com o Dínamo. Esse será o jogo mais importante para mim.

Assessoria de Imprensa do FC Shakhtar Donetsk   

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