Rinat Akhmetov: Hoje temos o Shakhtar mais forte de toda a sua história
Em uma entrevista exclusiva ao programa Grande Futebol, o presidente do Shakhtar Donetsk falou sobre os planos da equipe, Mircea Lucescu e a Donbass Arena. Rinat Akhmetov dedicou particular atenção à situação no Donbass.
Sobre o aniversário de Mircea Lucescu
- Nós reunimos a nossa família futebolística do Shakhtar. Mas eu tinha um imaginado esta festa um pouco diferente. Eu queria que ela acontecesse na Donbass Arena, em frente de 50.000 fãs agradecendo. E temos muito por que lhe agradecer. Eu não quero listar todos os troféus, mas por trás de cada troféu está muito trabalho. E em cada um deles, em cada vitória, ele colocou o coração e a alma. Ele é um grande profissional e tem feito muito pelo nosso clube. E já escreveu o seu nome em letras de ouro na história do Shakhtar.
Por isso eu lhe disse um imenso Obrigado. Obrigado, Professor, pelos troféus, pelo respeito, por sermos respeitados na Europa. Obrigado pelo estilo de jogo que exibimos!
Sobre o contrato com Lucescu
- Eu sempre li imprensa notícias sobre a saída do Mircea. E nada mais fez do que forçar a situação. Eu disse ao Lucescu que ele tinha direito de escolher: mais um ano de contrato ou ir embora do Shakhtar - e prometi respeitar a sua escolha, fosse ela qual fosse, a única coisa que lhe pedi foi que me avisasse com antecedência da sua decisão. E ele me respondeu: "Presidente, eu não vou a lugar nenhum. Não leia os jornais e não dê ouvidos às fofocas. Eu não vou a lugar nenhum. Vou ficar no Shakhtar. Hoje o Shakhtar está passando por uma situação muito difícil e eu não posso deixar a equipe do ponto de vista moral". Foi a decisão dele, que saiu do coração. E eu quero dizer-lhes que, com esta decisão ele vai se orgulhar, não vai ter vergonha, estou profundamente convencido disso. O aspecto financeiro não tem qualquer importância neste caso! Ele decidiu com o coração. Quando você decide com a cabeça, você olha para a questão financeira, pensa bem e pondera... mas quando pensa com o coração - é uma decisão feita a longo prazo. Ele decidiu a longo prazo ficar no Shakhtar neste período difícil, muito complicado. E eu sou grato a ele por isso.
Sobre os objetivos da equipe
Esta temporada já ganhamos a Supercopa. Fica faltando o campeonato e, o mais importante, precisamos nos classificar para a fase de grupos da Champions League e exibir um jogo bonito, com conteúdo. Considero que o Shakhtar de hoje é o Shakhtar mais forte de toda a sua história. Foi uma pena não termos sido campeões. Eu não quero falar agora nas causas que levaram a isso. Nós queremos ganhar, queremos ganhar. Apesar de irmos jogar em condições difíceis e desiguais, mesmo assim, queremos ganhar. E vamos colocar a meta para ganhar o campeonato. O segundo lugar para nós significa derrota.
Sobre o campeonato
- Estamos em condições desiguais. Igor Mikhailovich Surkis disse que este campeonato e o anterior, de 3 ou 4 anos atrás, em nada diferem um do outro. Eu discordo, ele diferem, e muito. Este campeonato de hoje não tem nada a ver com o anterior. Posso lhe dizer que se hoje estivéssemos jogando na Donbass Arena, o clube convidado que viesse jogar no nosso estádio pelo campeonato ficaria feliz se saísse de lá apenas com três gols. Na Donbass Arena, com as arquibancadas lotadas, o apoio é tanto...
Sobre o título de campeão do Dínamo
- Eu dei os parabéns a Igor Surkis Mikhailovich pela vitória do campeonato. Ele não tem a culpa de o Shakhtar não poder jogar em casa. Ele não tem culpa se o Shakhtar está em desvantagem. Tenho que lhe dar os parabéns porque, sabe, durante cinco anos o Shakhtar dominou tudo, 5 anos ganhando do Dínamo de Kiev, em casa, como convidado, nos jogos pelas Copas, em toda parte... E ele não baixou os braços ao longo destes anos: ele não desistiu, ele foi à luta, combateu, comprou jogadores, mudou de treinadores. E colocava sempre as maiores ambições perante o seu clube. Isso vale tudo e merece grande respeito. Eu sempre o admire e o elogiei por isso, afinal, com a competição que existe entre nós sai ganhando a liga no seu todo e, é claro, os torcedores. Por isso ele é excecional.
Sobre as transferências
- Vendemos jogadores no valor total de 46 milhões de euros. E o nosso jogo ficou ainda mais forte. Isso significa que a gente está sempre olhando para o futuro. Eu já há muito tempo que deixo os jogadores irem embora. Vendemos o Willian, o Mkhitaryan, o Fernandinho, o Costa. O Shakhtar não é uma gaiola de ouro. Muitos jogadores brasileiros já perceberam há muito que para ir para um clube grande tem que passar pelo Shakhtar, se entregar na totalidade à equipe, ou seja se entregar na totalidade a esta equipe e, assim, ajudar o Shakhtar e ajudar a si mesmo com o futuro clube. A experiência que eles ganharam no Shakhtar está provavelmente lhes ajudando agora na Europa. Não, nós não vamos buscar reforços. Acho que estamos com um elenco completo e forte. Acho que hoje temos o Shakhtar mais forte de toda a sua história.
Sobre Igor Kolomoisky
- Nós nos encontramos e eu lhe dei os parabéns porque o Dnipro deu um grande salto. Jogar na final da Liga Europa é obra. Gostaria de ressaltar que nesse sucesso está também a Academia do Shakhtar Donetsk nas pessoas do Seleznev e Fedetskiy. Eles foram alunos da nossa Academia e ajudaram a equipe a chegar à final e a enfrentar o Sevilha. E me parece que com o seu estilo de jogo, esses jogadores ajudam muito o Dnipro. É difícil arranjar um termômetro que meça o quanto o Igor vive com o futebol na cabeça, mas devo dizer que ele fez muito pelo Dnipro, pelos torcedores. Acho que a torcida deveria ser grata a ele. E os apoiantes do futebol ucraniano no geral. Porque, afinal, o Dnipro exibe um jogo bonito, um show de bola, um futebol com conteúdo. O que significa conseguir ou não dar conta do recado? É uma equipe forte, com jogadores muito fortes no elenco. Mesmo assim, todos esses anos, Kolomoisky tem investido enormes quantias de dinheiro, e chegar à final da Liga Europa... Alguém que tente fazer isso. É muito difícil.
Quanto ao fato de lhe telefonar e lhe dar conselhos – independentemente do que eu pudesse ter aconselhado, ele é um tipo de pessoa que vê segundo sentido em todas as palavras e vai fazer o oposto. Se lhe dizermos que ele precisa gastar mais, ele vai gastar menos. Se lhe dissermos que tem que gastar menos – então é que ele vai gastar mais.
Se você comparar o que fez o Kolomoisky pelo futebol ucraniano e o que fez Pavelko pelo futebol ucraniano, então não há nada para comparar: o Kolomoisky fez muito mais. Não dá nem para comparar. No entanto, eu votaria numa pessoa neutra, não votaria no Kolomoisky. Porque o dono de um clube não pode ser o presidente da federação, é conflito de interesses. Por isso é que eu sou, fui e serei sempre contra a ideia de o dono de um clube fica à frente da federação de futebol.
Sobre Alexander Yaroslavsky
- O Yaroslavl copiou em muito o Shakhtar Donetsk e adotou até o mesmo estilo de jogo da equipe. Ele estudou como trabalha a nossa gestão, em que mercados angariamos. E é claro que ele também tem feito muito pelo Metalist de Kharkov e pelo futebol ucraniano. E é muito ruim o fato de hoje o Metalist não estar nos seus melhores dias. Seria ótimo se ele um dia voltasse para o futebol ucraniano. Mas se voltar, que seja só para o Metalist Kharkov.
Sobre Andrei Pavelko
- Atualmente é o presidente da federação nacional. E por ele devem falar os fatos. Das escolhas que ele faz deve sair ganhando o futebol ucraniano. Se o futebol ucraniano beneficiar – então a escolha foi acertada. Se perder – então foi ruim. Por enquanto é difícil de avaliar. Se houver críticas a fazer, eu seguramente as farei. As pessoas confiaram no Pavelko e agora ele está formando a sua equipe. Se a Federação funcionar mal, for ineficaz, quem responde é o Pavelko.
Sobre a Donbass Arena
- Eu não perdia um único jogo na Donbass Arena. Mas hoje já não jogamos lá. Hoje os nossos torcedores estão sofrendo e eu também disse a mim mesmo que vou sofrer junto com eles, que voltarei a ir ao futebol apenas na Donbass Arena. E não fui mais a nenhum outro local. Para mim é muito difícil viver sem futebol. Eu não perdi um único jogo - assisto todos os jogos pela TV. Já fazia um ano que não via os jogadores. Agora é que fui para o aniversário do Professor e encontrei os jogadores lá.
É muito difícil viver sem futebol, mas hoje, como todos nós sabemos, a coisa não está para futebol. Porque o Donbass está sofrendo, as pessoas estão morrendo. Civis estão sendo mortos! Quando a paz regressar - e nós esperamos que ela regresse - todos nós voltaremos para a Donbass Arena e nos reuniremos lá. E eu vou de certeza ao futebol.
Sinto muita saudade da Donbass Arena. Sabe, eu nasci e cresci em Donetsk. Donetsk é a minha cidade natal muito amada. E eu sinto muita saudade dela. Todos os habitantes da nossa cidade, da nossa região, vinham sempre à Donbass Arena apoiar a gente de tal modo que as coisas não eram nada fáceis para nenhum dos nossos adversários. Todo mundo dizia que era muito difícil enfrentar o Shakhtar no estádio dele! Na Donbass Arena tem uma atmosfera que levava os nossos adversários a cometer erros e a nossa equipe a voar para frente com a vitória em e com o futebol-espetáculo que proporcionavam à nossa torcida.
E hoje aquilo está muito ruim, a situação das pessoas está muito ruim. E eu já mais do que uma vez falei que o bom senso tem que vencer. Agora é importante - todo mundo quer a paz. É importante que parem de disparar, parem de matar, parem de matar civis. Restaurar a economia, gerar empregos, isto é, fazer com que as pessoas consigam um emprego decente e um salário decente. E que possam viver, e não sobreviver como agora sobrevivem, que possam viver como antes viviam! Com uma vida digna e feliz. Isso é o mais importante. A paz, recuperar a economia, restabelecer os postos de trabalho.
Tenho a certeza que o hino da Champions League vai soar na Donbass Arena e nós todos nos reuniremos como uma família feliz na Donbass Arena. E o Darijo vai cantar para todos os nossos torcedores "Saiu para a estepe de Donetsk..." e as arquibancadas todas vão cantar junto. E acho que isso vai ser um reencontro extremamente emocionante com os torcedores, de levar lágrimas aos olhos.
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